La Domenica Del Corriere - Trump prevê declarar estado de emergência e usar exército para deportar migrantes

Trump prevê declarar estado de emergência e usar exército para deportar migrantes
Trump prevê declarar estado de emergência e usar exército para deportar migrantes / foto: Olivier TOURON - AFP

Trump prevê declarar estado de emergência e usar exército para deportar migrantes

Donald Trump prevê declarar estado de emergência nacional e recorrer ao exército para realizar uma deportação em massa de migrantes quando assumir a Presidência dos Estados Unidos em janeiro, uma de suas principais promessas de campanha.

Tamanho do texto:

O magnata republicano de 78 anos classifica como "invasão" a entrada de migrantes sem visto pela fronteira com o México.

Trump os acusa de envenenar "o sangue" e "infectar" os Estados Unidos, de comer animais de estimação, de ser "assassinos" e "selvagens", entre outros insultos extremos.

Para "libertar", segundo ele, o país, planeja "a maior operação de deportação na história dos Estados Unidos" assim que assumir o cargo, em 20 de janeiro.

"Boas notícias: segundo alguns relatos, a próxima administração de Donald Trump está preparada para declarar estado de emergência nacional e utilizar recursos militares para lutar contra a invasão (permitida pelo presidente Joe) Biden por meio de um programa de expulsões em massa", escreveu Tom Fitton, diretor da organização conservadora Judicial Watch, na plataforma Truth Social do republicano.

O magnata respondeu à mensagem com um "É verdade!".

Em abril, Trump declarou que a Guarda Nacional, uma corporação militar "deveria ser capaz" de ser encarregada das deportações.

"Se não for o caso, utilizarei o exército", ou seja, as tropas federais, declarou à revista Time.

A deportação de migrantes não é algo novo nos Estados Unidos.

Segundo um relatório do Instituto de Políticas Migratórias (MPI), com sede em Washington, a administração de Biden realizou mais expulsões de migrantes em situação irregular do que a de Trump no governo anterior.

"Combinando deportações com expulsões e outras ações para bloquear a entrada de migrantes sem permissão nos Estados Unidos, as quase 4,4 milhões de repatriações do governo Biden já são mais do que qualquer mandato presidencial desde o governo de [o republicano] George W. Bush", que alcançou 5 milhões em seu segundo mandato, apontou o instituto no final de junho.

Trump tem a intenção de ir muito mais longe e, embora os detalhes de seus planos ainda sejam desconhecidos, o republicano já deu algumas pistas.

- Linha-dura -

Trump promete invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, fechar a fronteira com o México, retomar a construção do muro e contratar 10 mil agentes.

O bilionário tentará ressuscitar o programa "Stay in Mexico" (Fique no México), para que os migrantes aguardem do outro lado da fronteira enquanto seus processos migratórios são resolvidos, proibir as cidades-santuário, que os protegem da expulsão, e cortar "todos os benefícios federais e de assistência social".

Além disso, pretende acabar ou limitar outras vias legais de entrada, como o status de proteção temporária (TPS), que concede permissão de residência e trabalho, ou a possibilidade de solicitar uma entrevista por meio de um aplicativo de celular ou por meio de trâmites nos países por onde os migrantes passam.

Como consequência, as associações de defesa dos direitos humanos estão preocupadas com o destino dos mais de 11 milhões de migrantes em situação irregular nos Estados Unidos.

Muitos economistas também alertaram sobre o custo exorbitante de uma deportação em massa e seu impacto para a economia americana, que já sofre com a escassez de mão de obra.

Um estudo publicado em outubro pela ONG American Immigration Council estima o custo total em 88 bilhões de dólares (R$ 507 bilhões) por ano, ou seja, 968 bilhões de dólares (R$ 5,6 trilhões) ao longo de mais de uma década.

- Três falcões -

Desde a vitória contundente nas eleições presidenciais de 5 de novembro, Trump tem avançado para cumprir as promessas sobre imigração e se se apressou em nomear Tom Homan como "czar da fronteira".

O republicano não detalhou em que consistirá o trabalho deste ex-diretor da agência responsável pelo controle da imigração (ICE), mas o nome do cargo fala por si só.

Homan é defensor da linha-dura em questões migratórias e supervisionou durante o primeiro mandato de Trump uma política que tratava os migrantes que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos como criminosos, resultando na perda da custódia de seus filhos.

"Priorizaremos as ameaças à segurança pública e à segurança nacional", disse Homan à Fox News.

Ele ressaltou que também vão fechar a fronteira e "salvarão (...) mais de 300 mil crianças desaparecidas".

Ele se referiu a um relatório do Escritório do Inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna, segundo o qual foi perdido o contato com mais de 32 mil crianças migrantes desacompanhadas que não foram à corte após terem sido libertadas entre 2019 e 2023. Segundo ele, mais de 290 mil menores tampouco receberam avisos para se apresentarem aos tribunais.

O presidente eleito nomeou outros dois falcões: Kristi Noem à frente do Departamento de Segurança Interna, encarregado da proteção das alfândegas e fronteiras e da gestão da migração, e Mike Waltz como conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.

Os planos de Trump podem, no entanto, enfrentar obstáculos nos tribunais, uma situação que não seria inédita.

Durante seu primeiro mandato, o magnata tentou acabar com o programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca), que protege os migrantes que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças. Os tribunais impediram essa decisão.

S.dEsposito--LDdC