La Domenica Del Corriere - Suspeitas de trabalho análogo à escravidão em construção de fábrica da BYD na Bahia

Suspeitas de trabalho análogo à escravidão em construção de fábrica da BYD na Bahia
Suspeitas de trabalho análogo à escravidão em construção de fábrica da BYD na Bahia / foto: PEDRO PARDO - AFP

Suspeitas de trabalho análogo à escravidão em construção de fábrica da BYD na Bahia

Mais de 160 trabalhadores chineses foram resgatados “em condições análogas à de escravos” no canteiro de obras de uma fábrica da gigante de carros elétricos BYD em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA), informaram as autoridades locais.

Tamanho do texto:

A filial brasileira da montadora chinesa, BYD Auto do Brasil, anunciou, em nota, na noite de segunda-feira (23), que rescindiu com efeito imediato o contrato da empresa terceirizada responsável pela obra, a Jinjiang Construction Brazil Ltda.

O local em questão fica em Camaçari, no estado da Bahia, onde está em construção a maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia.

As obras foram suspensas em parte do canteiro por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia.

Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que levaram à identificação de “163 trabalhadores em condições análogas à de escravidão na empresa terceirizada Jinjiang, uma prestadora de serviços para a BYD”.

Um porta-voz do MPT disse à AFP, nesta terça-feira (24), que todos os trabalhadores resgatados eram chineses.

No comunicado, o MPT denunciou “um quadro alarmante de precariedade e degradância” para os trabalhadores.

Em um dos alojamentos, os trabalhadores “dormiam em camas sem colchões e não possuíam armários para guardar seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação”, acrescentou.

Durante a obra, os "trabalhadores estavam expostos a intensa radiação solar, apresentando sinais visíveis de danos à pele".

O MPT também informou suspeitas de "trabalho forçado", já que os trabalhadores da China “tiveram seus passaportes retidos” e seu empregador confiscava “60% de seus salários”, ficando com os operários "apenas 40% em moeda chinesa”.

Segundo o MPT, uma audiência foi marcada "para que a BYD e a Jinjang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e também para que sejam negociadas as condições para a regularização geral do que já foi detectado".

A BYD Auto do Brasil garantiu que “não tolera o desrespeito (...) à dignidade humana” e disse que transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região.

D.Gismondi--LDdC