Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de trégua em Gaza
O gabinete de segurança israelense aprovou, nesta sexta-feira (17), um acordo de trégua com o Hamas na Faixa de Gaza, que deve entrar em vigor no domingo e permitirá uma troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Apesar do anúncio na quarta-feira de um acordo de cessar-fogo por parte de Catar e Estados Unidos, o Exército israelense continuou bombardeando o território palestino, deixando mais de 100 mortos, segundo equipes de resgate.
Após a luz verde, um conselho de ministros se reunirá ainda nesta sexta-feira para dar sua autorização final.
O gabinete recomendou que o governo dê a sua aprovação final "após revisar todos os aspectos políticos, de segurança e humanitários, e entendendo que o acordo proposto sustenta a consecução dos objetivos da guerra", indicou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O acordo, que deve colocar fim aos 15 meses de guerra, prevê em uma primeira fase de seis semanas a libertação de 33 reféns em Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
O fim definitivo da guerra será negociado durante esta primeira etapa.
As primeiras libertações ocorrerão no domingo, segundo o governo israelense. As famílias dos reféns também foram informadas e estavam realizando os preparativos para recebê-los, de acordo com a mesma fonte.
Segundo fontes próximas ao Hamas, o primeiro grupo é composto por três mulheres israelenses. Em troca, Israel aceitou "libertar alguns prisioneiros importantes", indicou uma das fontes.
Dois franco-israelenses, Ofer Kalderon e Ohad Yahalomi, estão na lista dos 33 sequestrados que serão libertados, de acordo com o presidente da França, Emmanuel Macron. Ambos foram raptados no kibutz Nir Oz, juntamente com vários de seus filhos, que foram libertados em uma primeira trégua, em novembro de 2023.
"Há uma mistura de sentimentos. Por um lado, alegria, misturada com um estresse horrível antes de sabermos se isso realmente vai acontecer", declarou Ifat Kalderon, primo de Kalderon, na quarta-feira.
- “Beijar minha terra” -
Antes do início da trégua, os palestinos deslocados estavam se preparando para voltar para casa.
“Estou esperando pela manhã de domingo, quando anunciarem o cessar-fogo”, disse Nasr al-Gharabli, que fugiu da Cidade de Gaza, no norte, para um campo de refugiados mais ao sul.
“Vou beijar minha terra. Eu me arrependo de tê-la deixado. Se eu tivesse morrido em minha terra, teria sido melhor do que ser deslocado para cá”, afirmou.
A guerra, que deixou Gaza com um nível de destruição “sem precedentes na história recente”, de acordo com a ONU, eclodiu em 7 de outubro de 2023 após um sangrento ataque do Hamas em solo israelense.
Os comandos islamistas mataram 1.210 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Eles também sequestraram 251 pessoas, 94 das quais permanecem em Gaza. Pelo menos 34 delas teriam morrido, de acordo com o Exército israelense.
Israel lançou uma campanha de retaliação que matou pelo menos 46.876 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
- Acordo em três fases -
O anúncio do acordo foi o resultado de uma aceleração das negociações, paralisadas por mais de um ano, às vésperas do retorno de Donald Trump à Casa Branca. O presidente eleito garantiu, na quinta-feira (16), que o pacto não teria sido alcançado sem a pressão dele e de seu futuro governo.
O acordo prevê uma primeira fase de seis semanas a partir de domingo, na qual um cessar-fogo será implementado, 33 reféns serão libertados e as tropas israelenses se retirarão das áreas densamente povoadas. Israel libertará centenas de prisioneiros palestinos.
A segunda fase contempla a libertação dos reféns restantes.
A terceira e última fase terá como foco a reconstrução do território palestino e o retorno dos corpos dos reféns mortos.
Durante a primeira etapa, serão negociadas as modalidades para a segunda etapa, ou seja, "o fim definitivo da guerra", de acordo com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed ben Abdelrahman al Thani.
O cessar-fogo não resolve o obstáculo sobre o futuro político da Faixa de Gaza, que tem 2,4 milhões de habitantes e é governada desde 2007 por um Hamas agora muito fraco.
Israel se opõe a qualquer administração futura do Hamas ou da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia com poderes limitados, e os palestinos rejeitam qualquer interferência estrangeira.
V.Merendino--LDdC