Chefe da AIEA diz que está confiante em trabalhar com Trump sobre programa nuclear iraniano
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse nesta sexta-feira (17) que confia em poder trabalhar com o próximo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em eventuais conversas sobre o programa nuclear do Irã.
"Já trabalhei com a primeira administração Trump em temas importantes como o do Irã e outros, e foi um trabalho muito construtivo, de modo que não tenho, digamos, desconfianças a esse respeito", afirmou Grossi em uma conferência sobre "desafios globais" no Ministério das Relações Exteriores do Panamá.
"Pelo contrário, acredito que, talvez muito mais do que durante a primeira administração, há uma necessidade absoluta de continuar trabalhando juntos nesse tema [Irã] e em outros", acrescentou o diplomata argentino.
O chefe da AIEA comentou que, em eventuais conversas sobre o programa nuclear iraniano, será preciso buscar "um acordo atualizado", pois o de 2015 "ficou obsoleto" e as negociações para reativá-lo falharam.
As tensões sobre o programa nuclear civil do Irã aumentaram desde que Trump, que retornará à Casa Branca na segunda-feira, retirou os Estados Unidos do acordo nuclear internacional em 2018, durante seu primeiro mandato.
O pacto, assinado também por China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha, previa uma flexibilização das sanções internacionais contra o Irã em troca de garantias de que a República Islâmica não tentaria produzir armas nucleares. Teerã nega que essa seja sua intenção.
Segundo a AIEA, o Irã aumentou sua produção e é o único país sem arsenal nuclear a ter urânio enriquecido a 60%, perto dos 90% necessários para desenvolver uma bomba atômica.
"Voltar a esse acordo seria impossível porque ele ficou obsoleto. E acho que isso é algo que todos, até os iranianos, admitem", insistiu Grossi.
Grossi afirmou que já teve "alguns encontros" com autoridades francesas, alemãs e britânicas para tratar desse assunto. "Em breve terei também com a China e com a Rússia, e naturalmente com os Estados Unidos, teremos que tê-los", indicou.
O diretor-geral da AIEA também afirmou que "é necessário" ter "algum tipo de quadro de acordo" com o Irã em um momento de "tanta volatilidade" no Oriente Médio.
Grossi se reuniu com o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, para assinar acordos de cooperação.
F.dGiugiaro--LDdC